Por João Flavio MartinezMETEOROS QUE CAÍRAM DO CÉU?Ellen. G. White, profetisa e baluarte da Igreja Adventista do Sétimo Dia e da Igreja Adventista da Reforma, tem nos seus escritos grande credibilidade e admiração por todos os membros dessas seitas. Diz, em êxtase, o autor do livro Sutilezas do Erro (p. 30): ...Os testemunhos orais ou escritos da Sra. White preenchem plenamente este requisito, no fundo e na forma. Tudo quanto disse e escreve foi puro, elevado, cientificamente correto e profeticamente exato.A Palavra de Deus diz que de uma mesma fonte não pode sair bênção e maldição ao mesmo tempo (Tg 3.10). Ou é de Deus ou não. Como nos foi dito por certo adventista: se um elo da corrente está podre, toda corrente está comprometida. Baseado nesse raciocínio, gostaria de levar o leitor ao questionamento, pois a inerrância só pertence a Deus e sua Palavra. Se a Sra. White errou em um ponto, ela pode ter errado em muitos outros, e até comprometido a salvação de alguém. O que vamos relatar abaixo não é com o intuito de ofender ninguém, mas trazer à tona a falibilidade do homem. Percebemos, no texto extraído do livro O Futuro Decifrado, como a profetisa adventista se preocupa em fazer uma cronologia de eventos que se encaixem na pseudoprofecia de 22 de outubro de 1844 — dia marcado pelos adventistas para a volta de Cristo. Ela citou um evento isolado e o usou para florear a doutrina do suposto advento que, mais tarde, passou a ser chamado de Juízo Investigativo, quando Jesus teria saído do santo lugar e entrado no santíssimo (referindo-se ao templo judaico). Até hoje esse evento é amplamente difundido em seus livros a fim de mostrar que aquele engodo teve fundamento. Não só a doutrina da volta de Cristo e o Juízo Investigativo estavam errados como também os fatos astronômicos citados pela Sra. White estão fora de contexto. Mas os atuais adventistas insistem em admitir que cientificamente estão corretos. Tivemos, portanto, a alegria de escrever para o Planetário e Escola Municipal de Astrofísica de São Paulo sobre o fato descrito pela Sra. White e ficamos surpresos com o que obtivemos. É claro que, através da Palavra de Deus, já sabíamos que tudo não passava de um engano, mas depois da carta recebida percebemos que usar esse argumento até hoje é abusar da ingenuidade cultural do povo brasileiro. 1) Ela associa a chuva de meteoros ao texto de Ap 6.13. No entanto, ela se esquece que o v.14 está dentro de um contexto. Se um dos fatos tivesse ocorrido, o outro não poderia passar desapercebido. Vejamos, então, o que nos diz os vv. 13 e 14: E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos dos seus lugares. É fato concreto que o v.14 não ocorreu, pois todas as ilhas e montes ainda estão intactos, mostrando que esta teoria adventista é, com certeza, infundada. Se a predição do v.14 não ocorreu, por conseqüência a do v. 13 também não. Isso deveria ser compreendido facilmente pelos adventistas, mas o problema é a afirmação de E.G. White, considerada por eles como o espírito da profecia: Esta profecia teve notável e impressionante cumprimento na grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833. Se ela disse que tal profecia teve o seu cumprimento, como dizer o contrário? Como seguidores de E.G.White, os adeptos do Adventismo não têm como desmentir ou corrigir a edificadora e codificadora das doutrinas dessa denominação. 2) De acordo com o Planetário e Escola Municipal de Astrofísica de São Paulo, o evento em pauta só ocorre com essa intensidade de 33 em 33 anos. Leiamos a carta que nos foi enviada: ...Apesar de a Leonídea (chuva de meteoro) ocorrer anualmente, em intervalos de 33 anos, aproximadamente, as chuvas são mais intensas, fato vinculado ao cometa com a qual os Leonídeos estão associados: O Tempel (1866 I), cujo período orbital é de 32,2 anos. (parênteses nosso.) Ou seja, assim como o cometa de Halley não é um evento apocalíptico, também não o é a chuva de meteoros. 3) Há registros desse acontecimento desde o ano 902 d.C. Assim, esse evento fica desqualificado como sendo sinais eminentes da volta de Cristo. O que percebemos é que os adventistas querem mistificar o dia 22/10/1844, sendo que foi o fato ocorrido em 1833 que concebeu a idéia da suposta volta de Jesus Cristo. O que a Sra. White não imaginava é que, num futuro próximo, a sua teoria a colocaria na posição de falsa profetisa. Vejamos: Há registros de sua ocorrência desde o ano 902 de nossa era. Entretanto, somente a partir do final do século XVIII é que os registros são mais freqüentes, provavelmente pelo fato de os astrônomos profissionais e amadores terem sido despertados ... A Sra. White errou no fato descrito acima e qualquer estudante da Bíblia que observar as doutrinas adventistas perceberá que eles estão equivocados. Não há dúvidas, esses erros qualificam a Sra. E.G. White como falsa profetisa. A Palavra de Deus diz o seguinte: Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás (Dt 18.20-22). Em seu livro O Futuro Decifrado, Ed.32º, p.36, a Sra. White narra o seguinte: Em 1833... apareceu o último dos sinais prometidos pelo Salvador como indícios de seu segundo advento. Disse Jesus: As estrelas cairão do céu (S. Mateus 24.29). E S. João, no Apocalipse, declarou, ao contemplar em visão as cenas que deveriam anunciar o dia de Deus: E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte (Apocalipse 6.13). Esta profecia teve notável e impressionante cumprimento na grande chuva meteórica de 13 de novembro de 1833.
|
O DESAPONTAMENTO ADVENTISTA
Por João Flávio Martinez
Dissertando sobre as frustrações emocionais pelas quais muitas pessoas passam em determinados movimentos religiosos, o psicólogo Henry Gleitman, em seu artigo: “A teoria da dissonância cognitiva”, elucida, do ponto de vista psicológico, a persistente confiança do adepto de seita na doutrina, no grupo ou em seu líder, mesmo após freqüentes decepções. Diz ele em sua introdução:
“As pessoas tentam dar um sentido ao mundo ao redor, mas como? Procuram uma analogia entre as próprias experiências e lembranças, e buscam uma confirmação de que a analogia está certa na opinião dos outros. Se tudo vai dar certo, ótimo. Mas o que acontece quando encontram-se incoerências?”.
Deparar-se com incoerências doutrinárias (heresias) é uma constante que alguns sectários sinceros são incapazes de negar. Prosseguindo em sua declaração, Henry diz que: “O estudo de Asch (Solomon Asch, 1956) mostrou o que acontece quando há discordância entre as próprias experiências (e as crenças fundadas nelas) e as das outras pessoas. Mas, e se a incoerência estiver no interior das próprias experiências ou nas crenças das pessoas? Isso vai provocar uma inclinação a reconstruir uma coerência cognitiva, ou seja: a reinterpretar a situação de maneira a tornar menor o desacordo encontrado. De acordo com as teorias de Leon Festinger, isso acontece porque cada incoerência percebida entre os aspectos do conhecimento, dos sentimentos e do comportamento é causa de angústia — dissonância cognitiva — que as pessoas logicamente tentam aliviar (Festinger, 1956)”.
Cabe salientar que muitos grupos denominados “cristãos” passaram por isto. Entre eles está o grupo religioso da senhora Ellen G. White. Pela analogia, o leitor irá perceber que a “teoria da dissonância cognitiva” explica, de modo satisfatório, o fenômeno vexatório chamado pelos adventistas de “o grande desapontamento de 1844”. Cabe ressaltar, ainda, que a Sra. White fazia parte do movimento adventista de então, que esperava a parousia (o aparecimento de Cristo em glória) para aquela época. Mais tarde, porém, ela se tornou uma das fundadoras e profetisa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, grupo religioso com fortes raízes na doutrina do advento.
A “arte” de “interpretar determinada situação com o objetivo de esconder incoerências foi, sem dúvida, um artifício que envolveu os adventistas daquela época. Henry propõe um fato ilustrativo que se encaixa perfeitamente na frustrante experiência do movimento adventista. Ele explica isso empregando o exemplo de uma seita esotérica que, por meio de sua profetisa, havia recebido uma mensagem dos “guardas do universo” para esperarem o fim do mundo em uma data fixa, à meia-noite, ocasião em que aconteceria uma inundação enorme e apenas os verdadeiros fiéis se salvariam, sendo arrebatados por discos voadores. Empregaremos aqui o mesmo método para traçar um paralelo com o que ocorreu com os adventistas.
Observe que, semelhantemente, os adventistas da primeira geração acreditavam, por meio das teorias de Guilherme Miller (um leigo pregador batista), que Jesus voltaria em 1843. O principal pilar da teoria de Miller eram os 2.300 dias e, ligado a isto, estava a idéia da purificação terrestre do santuário, ambos contidos no livro do profeta Daniel. Como nada aconteceu na data fixada, remarcaram a data, desta vez para 1844. Novamente, a profecia falhou. A Sra. White fazia parte daquela geração que esperava o retorno de Cristo para aquele tempo, conforme acreditavam os adventistas. Posteriormente, Ellen White declarou que os estudos de Miller foram guiados por Deus, confirmando, assim, a crença na predição do segundo advento com data fixa.
Mas o que o desapontamento adventista tem de comum com o grupo esotérico apontado por Henry? Deixemos que a profetisa White nos ajude a encontrar a resposta.
A primeira pergunta é: Há alguma prova de que Miller havia recebido seu cálculo profético de Deus? Veja o que pensava Ellen G. White acerca disso: “Deus encaminhou a mente de Guilherme Miller para as profecias, e deu-lhe grande luz quanto ao livro do Apocalipse”.1
Mas será que os adventistas acreditavam, de fato, que seriam arrebatados naquela ocasião? Segundo Ellen White, os adventistas que vivenciaram aquela frustração não “desejavam ser instruídos ou corrigidos por aqueles que estavam indicando o ano em que acreditavam expirarem os períodos proféticos, e os sinais que mostravam estar Cristo perto, às portas mesmo2 [...] Os santos esperaram ansiosamente pelo seu Senhor, com jejuns, vigílias, e oração quase constante”.3
Como podemos perceber, a Sra. White não só afirmava em seus escritos que Miller fora instruído por Deus como também dizia que Cristo voltaria num dia prefixado para buscar os que acreditavam naquela profecia, circunstância em que se daria o fim do mundo.
Acompanhe o exemplo mencionado por Henry e veja como os membros da seita amenizaram o problema (correlacione o fato com a IASD): “No Dia do Juízo, os membros da seita reuniram-se à espera da inundação. À hora prevista para o pouso dos discos voadores chegou e passou, a tensão era maior com o passar das horas, quando a líder da seita recebeu a suposta mensagem ‘aliviadora’: o mundo foi poupado como prêmio pela confiança dos fiéis. Houve muita alegria e os crentes tornaram-se mais fiéis”.
Da mesma forma, com os adventistas, o tempo foi passando e as expectativas aumentando cada vez mais. Alguns dizem que os adventistas até mesmo se vestiram de roupas brancas para esperar o grande acontecimento, contudo, isto é hoje negado veementemente pela IASD. Seja como for, os alardes das predições de Guilherme Miller arrastaram multidões de crédulos na crença de que Jesus voltaria na data marcada. Entretanto, a predição falhou mais uma vez. Mas isso não foi o suficiente, pois muitos preferiram permanecer na pertinácia, procurando alternativas para a falha profética.
Atente para os fatos que envolveram esta circunstância. Qual foi o resultado desta grande expectativa? Jesus realmente voltou? Ellen White responde: “Vi que os que estimavam a luz olhavam para o alto com ardente desejo, esperando que Jesus viesse e os levasse para si. Logo uma nuvem passou sobre eles, e seus rostos ficaram tristes. Indaguei a causa dessa nuvem, e foi-me mostrado que era o seu desapontamento. O tempo em que esperavam o seu Salvador havia passado, e Jesus não viera”.4
Qual foi então a desculpa, ou “nova mensagem”, que a Sra. White encontrou para explicar esse fracasso e amenizar a angústia dos desapontados? Ela explicou a questão nos seguintes termos: “Estão de novo desapontados em suas expectações. Jesus não pode ainda vir à terra. Precisam suportar maiores provações por seu amor. Devem abandonar erros e tradições recebidos de homens e voltar-se inteiramente para Deus e sua Palavra. Precisam ser purificados, embranquecidos, provados. Os que resistirem a essa amarga prova obterão eterna vitória. Jesus não veio à terra como o grupo expectante e jubiloso esperava, a fim de purificar o santuário mediante a purificação da terra pelo fogo. Vi que eles estavam certos na sua interpretação dos períodos proféticos; o tempo profético terminou em 1844, e Jesus entrou no lugar santíssimo para purificar o santuário no fim dos dias. O engano deles consistiu em não compreender o que era o santuário e a natureza de sua purificação. Ao olhar de novo o desapontado grupo expectante, pareciam tristes. Examinaram cuidadosamente as evidências de sua fé e reestudaram a interpretação dos períodos proféticos, mas não lograram descobrir erro algum”.
Mas isso não é tudo. A Sra. White continua: “Foi-me mostrado o doloroso desapontamento do povo de Deus por não ter visto a Jesus no tempo em que o esperava. Não sabiam porque seu Salvador não viera; pois não podiam ter evidência alguma de que o tempo profético não houvesse terminado. Disse o anjo: ‘Falhou a Palavra de Deus? Deixou Deus de cumprir suas promessas? Não; Ele cumpriu tudo o que prometera. Jesus levantou-se e fechou a porta do lugar santo do santuário celestial, abriu uma porta para o lugar santíssimo, e entrou ali para purificar o santuário’. Todos os que pacientemente esperarem compreenderão o mistério. O homem errou; mas não houve engano da parte de Deus. Tudo o que Deus prometeu foi cumprido; mas o homem erroneamente acreditou que a terra era o santuário a ser purificado no fim do período profético. Foi a expectativa do homem, não a promessa de Deus, que falhou”.5
Observe que Ellen White confirmou que os crentes, na teoria do advento pregado por Miller, se reuniram para esperar, no dia marcado, o retorno de Cristo, porém, o dia chegou e passou e Cristo não veio, para o desapontamento de todos. Daí, ela alegou que alguns receberam de Deus algumas explicações para o fracasso ocorrido. Entre essas explicações, a que dizia que Deus resolveu, de “última hora”, provar o seu povo, adiando, assim, a oportunidade para que outros aceitassem a mensagem do advento. Aqueles que aceitaram essa explicação tornaram-se ainda mais fiéis.
Novamente, retomando o paralelo com a seita esotérica, Henry comenta: “Com o ridículo fracasso de uma profecia tão exata, era lógico imaginar, como reação, o abandono daquelas crenças e o afastamento dos fiéis da seita. Mas a teoria da dissonância cognitiva explica este comportamento: deixando de acreditar nos ‘guardas do universo’, a pessoa tem de aceitar uma dissonância entre o atual cepticismo e as crenças antigas, e isso é causa de dor”. Trazendo para o contexto adventista, isso quer dizer que se os adventistas deixassem de acreditar na profecia, teriam de aceitar e reconhecer a enorme incoerência que envolveu o episódio, e isso lhes traria uma frustração ainda maior.
Ellen White explica a persistência dos adventistas na derrocada doutrina dos 2300 dias? Ao invés de reconhecerem o erro, passaram a acreditar numa suposta resposta (forjada) para o acontecido, a fim de amenizar a decepção que tiveram. “Aqueles fiéis e desapontados, que não puderam compreender porque seu Senhor não viera, não foram deixados em trevas. De novo foram levados às suas Bíblias, a fim de examinar os períodos proféticos. A mão do Senhor removeu-se dos algarismos, e o erro foi explicado. Viram que o período profético chegava a 1844, e que a mesma prova que haviam apresentado para mostrar que o mesmo terminava em 1843, demonstrava terminar em 1844. Ao passar o tempo, os que não haviam recebido inteiramente a luz do anjo se uniram com os que haviam desprezado a mensagem, e voltaram-se contra os desapontados, ridicularizando-os”.6
Naturalmente, com tamanho erro de predição era de se esperar que aquela idéia da volta de Cristo com data marcada se encerraria por aqueles dias. Mas confirmando a teoria da “dissonância cognitiva”, a dor da decepção foi “superada” por uma nova teoria.
Comentando a desilusão que acometeu alguns adeptos da seita esotérica, Henry diz: “A sua antiga fé seria agora uma humilhante idiotice. Alguns membros da seita chegaram até a perder o trabalho e a gastar todo o seu dinheiro, e, agora, recusando a ideologia dos ‘guardas do universo’, tudo isso teria parecido como uma ridícula bobagem sem sentido. A dor da dissonância teria sido intolerável. Assim foi reduzida de importância acreditando na nova mensagem, e, vendo outros membros aceitá-la sem dúvida nenhuma, a fidelidade saiu até fortalecida. Agora podiam se considerar como heróicos e leais membros de um corajoso grupo que salvou o mundo”.
Da mesma maneira, os adventistas procuraram esconder os erros cometidos atrás de eufemismos sutis. Os adventistas mais radicais não deram “o braço a torcer” reconhecendo seu erro e, ao invés disso, procuraram amenizar o problema, interpretando de outra maneira o cálculo profético das 2.300 tardes e manhãs, espiritualizando-o: o tabernáculo não era mais a terra, mas o céu. Portanto, não havia fim de mundo, ou volta literal de Cristo, que apenas havia passado de um compartimento do santuário celestial para outro. Essa nova interpretação, admitida paulatinamente, desembocou na aberração teológica da doutrina do “Santuário”, do “Juízo Investigativo” e do “Bode Emissário”. E tudo isso debaixo de uma suposta visão que Hiram Edson teve após o “grande desapontamento”. É importante esclarecer que tudo isso não passou de uma desculpa acanhada para tentar remendar o desastre teológico de Miller. Assim, o grupo poderia novamente assegurar-se de que estava no rumo certo. Ou seja, não eram mais considerados fanáticos ou he
réticos, pois tinham recebido uma nova revelação de Deus como resposta para o fiasco anterior.
Os adventistas que perseveraram nessa idéia da nova revelação sofreram algumas privações. “Os que não ousaram privar os outros da luz que Deus lhes dera foram excluídos das igrejas; mas Jesus estava com eles, e estavam alegres ante a luz de seu semblante. Estavam preparados para receber a mensagem do segundo anjo7 [...] De igual maneira, vi que Jesus considerou, com a mais profunda compaixão, os desapontados que haviam aguardado a sua vinda; e enviou os seus anjos para dirigir-lhes a mente, de maneira que pudessem segui-lo até onde Ele estava. Mostrou-lhes que a terra não é o santuário, mas que Ele devia entrar no lugar santíssimo do santuário celestial, a fim de fazer expiação por seu povo e receber o reino de seu Pai e, então, voltaria à terra e os tomaria para ficar com Ele para sempre”.8
160 anos depois
Ainda muito poderia ser comentado sobre o desapontamento adventista, todavia, acreditamos ter sido possível compreender, pelo paralelo entre o movimento do advento e o exemplo que Henry forneceu, as técnicas psicológicas empregadas pelos então pioneiros adventistas, com o objetivo de aliviar a frustração angustiante (dissonância cognitiva) por uma profecia não cumprida. A fim de amenizar a seriedade do fracasso e da incoerência da predição, inventaram uma nova teoria (supostamente revelada por Deus), que tornou menor o desacordo encontrado. Com isso, conseguiram tirar a atenção dos adeptos dos pontos mais críticos do erro profético ocorrido em 1843-4. E hoje, cerca de 160 anos após esse grande desvio ter ocorrido, a IASD continua acreditando que é a única igreja verdadeira na face da terra — os remanescentes. Estes foram os resultados do desapontamento adventista.
• Todas as citações de Henry Gleitman foram extraídas da obra Basic Psychology, Norton (1983), traduzida por A. Maria De Florim M. Martinelli.
Notas:
1 Primeiros escritos de Ellen Gould White. Tradução de Carlos A. Trezza. Casa Publicadora Brasileira. Santo André: São Paulo, 1967, p. 231.
2 Ibid., p. 234.
3 Ibid., p. 239.
4 Ibid., p. 241.
5 Ibid., p.250-1.
6 Ibid., p. 246.
7 Ibid., p. 237.
8 Ibid., p. 244.
DOMINGO - O DIA QUE O SENHOR FEZ!
|
http://www.icp.com.br/76materia.asp